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A Mente e o Emagrecimento

Quantas vezes você já se olhou no espelho e se sentiu mal ao pensar: “eu realmente preciso emagrecer”, ou tentou vestir uma roupa que não usa há algum tempo e percebeu que não cabe mais?  Talvez você já tenha sentido vergonha de usar trajes de banho em um clube ou praia por não estar na forma física que gostaria. Talvez precise ou queira emagrecer por uma questão de saúde, mas por algum motivo, você simplesmente não consegue, apesar de não ter problemas hormonais.  Se você já passou ou continua passando por experiências similares a estas, sabe o quanto isso pode causar incomodo.

  Diante deste tipo de situação, as pessoas apelam para os mais variados recursos. Dos mais simples aos mais radicais, dos mais inócuos aos mais perigosos. Algumas fazem cirurgias estéticas (sem que haja uma necessidade médica) e conseguem um resultado satisfatório, mas após um certo período de tempo, acabam voltando a engordar. Há quem recorra a medicamentos, muitas vezes tomados por conta própria e que podem trazer os mais complicados efeitos colaterais, ou à dietas “milagrosas” cujo efeito, muitas vezes, é tão temporário quanto á duração das mesmas. Existem, também, aqueles que preferem seguir o caminho saudável da reeducação alimentar e da prática de exercícios físicos regulares. E decidem que vão começar na segunda-feira, mas o problema é que a segunda-feira escolhida “nunca chega”. Ou, as vezes, até começam a reeducação alimentar e a rotina de exercícios, mas não conseguem dar continuidade.

  Em teoria é muito fácil emagrecer e manter o peso ideal. Basta ter hábitos saudáveis de alimentação e de exercícios físicos. Mas na prática, principalmente em relação a controle de hábitos, as coisas tendem a se tornar mais complicadas. Quem nunca cedeu à tentação de fazer algo que sabia que não deveria fazer, porque o desejo foi mais forte do que a razão?  Isso acontece porque nós não nascemos com um manual de instruções que nos indique como controlarmos a nós mesmos. O que, geralmente, nos leva a tentar o autocontrole da maneira mais difícil, através da força de vontade.

  Somos educados para acreditar que é através da força de vontade que podemos e devemos atingir nossos objetivos. Esta crença deriva do fato de que a força de vontade está “situada” em nossa razão, em nosso discernimento, em nossa atividade consciente. O nosso consciente é o responsável pela nossa capacidade de julgamento, que nos permite analisar fatos e possibilidades, tomar decisões, definir o que consideramos ser certo ou errado, decidir o que devemos ou não fazer. Mas o que a maioria das pessoas não sabe, é que o consciente, apesar de ser a parte que usamos para planejamento e tomada de decisões, não é a parte responsável pela realização de nossas ações. Pois esta, é competência de nossos processos inconscientes.

  Basta prestarmos atenção para percebermos como executamos melhor aquilo que fazemos de modo automático. Quando pensamos no aprendizado de atividades como dirigir ou tocar um instrumento musical, ou mesmo amarrar os sapatos, percebemos como no início pode parecer algo quase impossível. Quando ainda estamos no início do aprendizado, precisamos prestar atenção em cada detalhe da atividade, um processo completamente consciente. Mas na medida em que ganhamos habilidade, o consciente começa a “soltar as rédeas” e passamos a realizar tais atividades de modo cada vez mais automático. Paramos de nos criticar e racionalizar a respeito dos detalhes da execução e passamos a realizá-la com um melhor desempenho.  

  Conheci um jovem e talentoso violonista autodidata, que ganhou um concurso cujo prêmio era conhecer pessoalmente e ter a oportunidade de tocar junto com um famoso e consagrado violonista do qual era fã. O jovem era extremamente habilidoso, tinha a capacidade de tocar com os olhos fechados, falar em quanto tocava e até mesmo contar uma música enquanto tocava outra. Mas ao conhecer seu ídolo ficou muito emocionado e nervoso, pois queria muito mostrar o quanto era talentoso e hábil com o violão. Para isso, sabia que não podia errar, decidiu que deveria prestar atenção a cada detalhe da execução das músicas que tocaria. Nesse momento seu consciente começou a assumir o controle de uma atividade que há muito tempo era realizada de modo quase totalmente automático. Ao invés de simplesmente tocar violão, ele começou a se cobrar e criticar. Resultado, suas constantes análises e críticas o assustaram, tiraram sua concentração e o levaram a cometer vários erros de execução.

  Podemos definir e planejar o que queremos através de nosso consciente, mas para a execução, precisamos da ajuda de nossos processos inconscientes. Pois nós não controlamos conscientemente nossos desejos, emoções, o modo como nos sentimos e reagimos aos estímulos que recebemos.

  Mas como podemos usar nossos processos inconscientes para conseguir o que queremos? A resposta é incrivelmente simples: através da imaginação. Nossa imaginação é muito mais inconsciente do que consciente e para nosso cérebro não há muita diferença entre uma experiência real e uma experiência imaginária. Nós imaginamos coisas durante todo tempo e reagimos automaticamente ao que imaginamos.  Nós não reagimos à realidade de acordo com a realidade em si, mas sim de acordo com nossas opiniões e crenças, um modelo de realidade que construímos em nossas mentes através de nossas experiências. Em outras palavras, nós reagimos ao mundo, de acordo com um modelo de mundo que criamos em nossas mentes, o modo como imaginamos que ele seja. Portanto, se fizermos mudanças em nossa realidade interna, mudamos o modo como reagimos à realidade externa.

  Este entendimento do modo como interpretamos e reagimos à realidade, nos permite ganhar controle sobre aspectos de nossas vidas sobre os quais geralmente não temos controle. Conseguindo, deste modo, um real autodomínio. E através de um trabalho correto baseado neste conhecimento, podemos fazer mudanças em nossos hábitos de pensamento e comportamento, através das quais podemos atingir nossos objetivos.

  Assim, uma pessoa que tem problemas para controlar o próprio peso, em função de hábitos que de outra maneira seriam muito difíceis de mudar, pode, através de um trabalho de mudanças em suas representações internas, mudar completamente seus hábitos alimentares, sem precisar depender do que conhecemos por força de vontade. Logo, sem sofrimentos e sacrifícios. Conseguindo assim, melhorar suas vidas de modo permanente.

 

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By Thiago Ferreira
Hipnólogo, Coach, Professor, Palestrante.