Fisioterapia e Hipnose
A Hipnose no controle da dor tem sido um tema já há muito tempo estudado¹,²,³ além de comprovado a eficácia dentro da área. O trabalho com a dor é algo muito delicado, pois envolve contextos (cultural, interpessoal e de personalidade)³ que podem ajudar a diminuir ou aumentar sua sensação, já que a mesma é subjetiva. Pontuado essa subjetividade, volta-se a afirmar que o trabalho encima dessa temática torna-se possível.
Uma das áreas que trabalha de forma indireta e direta a dor seria a Fisioterapia e Terapia Ocupacional, sendo que é regulamentado o uso da Hipnose dentro de seu conselho, segundo a Resolução Nº 380/2010 do CREFITO. Muitas vezes os pacientes que chegam para os fisioterapeutas estão em sofrimento, seja pelo fato de recuperação de uma cirurgia, acidente ou diversos outros fatores.
Utilizando-se dessa ferramenta dentro do consultório, permite com que o trabalho seja mais global e fácil. Global pelo fato do paciente receber um atendimento que não mexe apenas com o corpo, trabalhando com a dor dele e permitindo com que ele ressignifique ela. Fácil porque ao mexer com o consulente utilizando-se da Hipnose, torna-se possível executar melhor os exercícios, pois passa a sentir-se mais confortável devido aos incômodos diminuíres.
Um exemplo prático do uso da Hipnose no caso dos portadores do CREFITO seria quando o paciente sofre um acidente grave com fraturas expostas ou fraturas cominutivas que necessitem de muito tempo de imobilidade ou com uso de fixadores externos como Ilizarov. Além de possivelmente gerar um trauma psíquico no paciente, gera um trauma corporal após o tempo de imobilidade, que seria a Fibrose, presente nos tecidos conectivos.
Para resolução de tal problemática, já seria interessante do profissional abordar o trauma que o paciente sentiu, pois muitas vezes a sensibilidade que ele possui no local se deve ao fato das experiências tidas no acidente. Conversar sobre o ocorrido e fazer uma dessenssibilização por meio do Transe Hipnótico trazem benefícios para o tato com o local.
Após o procedimento realizado, usar-se-ia de técnicas para controle da dor ao trabalhar manualmente na região afetada pelo trauma. É necessário esse trabalho tátil, pois, citando um experimento de animais de laboratório4 como comprovação, observou-se que macroscopicamente, após uma fixação ser removida em um membro depois um grande período de imobilização do mesmo (assim como o caso de um acidente), constatou-se uma infiltração fibrogordurosa, no qual posteriormente através de análises histoquímicas evidenciou-se infiltrados com aparência fibrótica, criando aderências nos recessos.
Ainda nesse estudo (REF) pode constatar que quando as fibras colágenas se aproximam muito umas das outras, elas se aderem causando ligações cruzadas, semelhantes a um “fardo de feno”, dificultando a extensibilidade e mobilidade dos tecidos. Para que essa mobilidade volte, torna-se necessário o estresse com um movimento no tecido conectivo. Dessa maneira, o tecido é hidratado devido à liberação de substância basal, resultando na diminuição das ligações cruzadas e novos tecidos de colágeno são depositados entre si de maneira mais ordenada e na direção da força aplicada.
Portanto, vê-se essa necessidade de provocar o movimento, mas o consulente não precisa sentir dor no tratamento, já que se pode usar a Hipnose como alternativa. Dessa maneira, consegue-se realizar com menos sofrimento e gerar melhores resultados, até pelo fato de ter trabalhado com a parte subjetiva, quanto por ter maior facilidade ao realizar os procedimentos manuais.
By Leonardo Garcia Hipnólogo e Psicólogo formado na Universidade Estadual de Maringá, co-fundador da Esportive. #teamesportive |
By Dr. Marcelo Laboissière Fisioterapeuta Ortopédico. |
REFERENCIAS:
[1] DINGES, D. F; WHITEHOUSE, W. G; ORNE, E. C; BLOOM, P. B; CARLIN, M. M; BAUER, N, K; GILLEN, K. A; SHAPIRO, B. S; OHENE-FREMPONG, K; DAMPIER, C & ORNE, M. T. Self-Hypnosis Training as an Adjunctive Treatment in the Management of Pain Associated with Sickle Cell Disease. International Journal of Clinical and Experimental Hypnosis, 45:4, 417-432
[3] CHAVES, J. F. Recent advances in the application of hypnosis to pain management. Southern Illinois University , Edwardsville, USA. Published online: 21 Sep 2011.
[4] MAXEY, L; MAGNUSSON, J. Reabilitação pós-cirúrgica para o paciente ortopédico. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2003, cap. 1, pág. 3 à 7, 2003.