Superando dificuldades ao brincar: uma abordagem responsiva! (Autismo parte 2)
Continuando nossa explanação sobre o autismo (parte 1), há várias maneiras de trabalhar com o espectro do autismo (EA), contudo o presente texto se fundamentará nas abordagens dos programas Son-Rise e Inspirados pelo autismo. A princípio, baseiam-se em quatro pilares: na interação; responsividade; motivação e ludicidade com a criança.
No quesito interação é priorizado o relacionamento com a criança, procurando conhecer através dela e de seus responsáveis quais são os seus gostos, tornando assim mais interessante a atividade que você irá propor para a mesma. Como o autista já tem dificuldade de se relacionar com o outro (dependendo do grau de autismo), você precisa ser interessante para a criança, por isso é essencial conhecer os gostos da mesma. Dessa maneira o processo torna-se mais natural, sem necessidade de imposição.
A responsividade trata-se com o dever enquanto facilitador*, responder aos sinais da criança, ou seja, ficar atento a tudo o que ela faz, pois qualquer gesto/barulho pode ser uma tentativa de comunicação. É através disso que se consegue estabelecer um canal de comunicação e então se relacionar com ela. Lembre-se, sempre deve valorizar a maneira com a qual ela se comunica e incentivar para que aperfeiçoe essa maneira (exemplos na próxima postagem).
Para melhor elucidar esse ponto, fala-se de trabalhar com os dois “A”s. O de Apreciação e o de Ação. A apreciação é mostrar para a criança que o que ela fez foi eficaz, ou seja, reforçar o estímulo que a criança usou – como, por exemplo, dar/fazer o que ela pediu, mesmo não tendo executado com toda perfeição. A ação consiste em pedir que a criança execute algo após ser reforçada, porém apenas pedir se a mesma estiver preparada para tal.
A motivação está relacionada com a vontade da criança em querer fazer as atividades que você propõe. É preciso sempre se atentar com essa proposta para que ela realmente seja uma e não algo imposto. Se ela não se sentir a vontade de executá-la, você precisa deixar sua atividade de lado e trabalhar com o que a criança pede. Isso não quer dizer que a atividade precisa ser descartada para sempre, pode ser que em outro momento ela acabe aceitando.
Por fim, a ludicidade é, como a própria palavra diz, trabalhar com o lúdico. Um dos aspectos do EA é a dificuldade de sair do concreto, ou seja, transformar as coisas além do que elas realmente são. Usar o lúdico (lembrando que nem toda criança autista tem essa dificuldade, e por isso que se fala em espectro). Dessa maneira, arrisque-se com a criança, procure sempre inovar e ser outra criança para que possam interagir melhor.
Para não delongar esse post, disponibilizarei o link de uma palestra que contém essas informações, caso queiram mais detalhes, e continuarei essa explanação no próximo post. Além disso, passarei mais dois links para vocês entenderem um pouco mais desse mundo lúdico e de como podemos ser divertidos!
Palestra: https://www.youtube.com/watch?v=8MiQg_Tza78
Clowns: https://www.youtube.com/watch?v=O70Ww9vzjvg
https://www.youtube.com/watch?v=YG7Z7y42-oA
*usa-se esse nome, pois se considera que qualquer pessoa poderia atender uma criança autista, e por isso ela iria apenas facilitar o canal de interação entre o EA e o mundo.
Leia também:
“Superando dificuldades ao brincar: uma abordagem responsiva! (Autismo parte 1)“
“Superando dificuldades ao brincar: uma abordagem responsiva! (Autismo parte 3)“
By Leonardo Garcia
Hipnólogo e Psicólogo formado em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá.